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Peaky Blinders: a série da Netflix que revive a violenta história de uma gangue real inglesa
Aclamada pela crítica e adorada por uma legião de fãs ao redor do mundo, a série Peaky Blinders, da Netflix, ultrapassa o entretenimento ao mergulhar em episódios marcantes da história britânica do século XX. Ambientada na sombria Birmingham de 1919, a produção narra a trajetória da fictícia família Shelby, uma gangue liderada pelo astuto e implacável Thomas Shelby, interpretado pelo premiado ator Cillian Murphy.
O que muitos não sabem, no entanto, é que a série bebe diretamente da realidade. Embora a família Shelby seja uma criação dos roteiristas, o grupo Peaky Blinders realmente existiu. Eles atuaram na cidade de Birmingham entre o final do século XIX e o início do século XX, em um cenário de extrema desigualdade social e desemprego — terreno fértil para o crescimento de organizações criminosas.
Na vida real, os Peaky Blinders eram compostos majoritariamente por jovens de 12 a 30 anos, que encontravam no crime uma maneira de sobreviver em meio ao caos urbano. A gangue ficou conhecida por seu estilo marcante: ternos ajustados, boinas com aba pontuda e um comportamento violento e provocador.
A origem do nome, inclusive, teria surgido de uma lenda urbana: os membros usariam lâminas escondidas nas boinas para cegar os inimigos durante os confrontos — embora historiadores afirmem que essa versão seja mais mito do que realidade.
Segundo relatos históricos, armas de fácil acesso e baixo custo eram o arsenal dos Peaky Blinders. Facas, cassetetes de metal, pedras enroladas em lenços e botas com pontas de ferro eram os instrumentos mais comuns usados pelo grupo. Essa combinação de brutalidade e estilo peculiar fez com que o nome da gangue resistisse ao tempo, mesmo após sua queda.
Durante a década de 1910, o domínio dos Peaky Blinders foi desafiado por um grupo rival, os Birmingham Boys, liderados por Billy Kimber — figura que também aparece na primeira temporada da série. Mais organizados e agressivos, os Birmingham Boys acabaram por dominar a cena criminosa da cidade, levando à dispersão dos Peaky Blinders. Nos anos 1930, o grupo já não existia formalmente, restando apenas histórias, registros policiais e uma mística que ressurgiria décadas depois na televisão.
Além da violência e do drama familiar, a série também se destaca por retratar com precisão eventos históricos, como os levantes trabalhistas, a ascensão do comunismo, o avanço do fascismo e os traumas deixados pela Primeira Guerra Mundial. Ao longo das temporadas, Peaky Blinders se consolida como mais do que uma série policial: é um retrato intenso e estilizado de uma época turbulenta e decisiva para a formação da sociedade moderna britânica.
Com uma narrativa envolvente, trilha sonora marcante e atuações memoráveis, a produção da BBC, distribuída mundialmente pela Netflix, transformou a figura do gangster inglês em um símbolo pop. E, mais do que isso, reacendeu o interesse por uma parte obscura e pouco explorada da história britânica.
Para quem se encanta com histórias reais por trás das produções mais populares do streaming, Peaky Blinders é um prato cheio. Continue acompanhando o Portal Carajás em Foco para mais conteúdos sobre cinema, história e entretenimento.
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