Por Portal Carajás em Foco
Se viver fosse um esporte olímpico, Jorginho Guinle teria levado ouro, prata, bronze e ainda teria dado entrevista com um copo de champanhe na mão e Sinatra ao fundo. Nascido em 1916, numa época em que o Rio de Janeiro exalava charme e a Belle Époque ainda tinha resquícios de perfume francês no ar, ele foi mais que um herdeiro da elite carioca: foi uma entidade viva da boa vida. O último playboy legítimo, aprovado pela alta sociedade internacional e aplaudido de pé pelos salões do Copacabana Palace.
Filho da poderosa família Guinle — aqueles que praticamente fundaram o conceito de “elite carioca” —, Jorginho teve tudo o que o dinheiro podia comprar... e usou cada centavo com a leveza de quem sabia que o cartão de crédito era só um detalhe. Trabalhar? Só a imagem pública de charmoso oficial do jet-set internacional. Cargo vitalício, diga-se.
Frequentador de festas que fariam o Oscar parecer um chá da tarde, Jorginho tocava jazz com Nat King Cole, jantava com Marilyn Monroe e provavelmente ensinou Sinatra a dar nó em gravata borboleta. Seu truque? Nada de ostentação. Bastava-lhe um olhar sedutor, uma fala macia e uma dose de cultura entre Nova York, Paris e Leblon. A receita perfeita para conquistar corações — e ser recebido em qualquer tapete vermelho do planeta.
“O importante não é ter muito dinheiro, mas conhecer os lugares certos, as pessoas certas e as maneiras certas”, dizia ele, como quem dá uma dica de receita no programa da Ana Maria.
E quando prometeu que gastaria toda a fortuna antes de morrer, ninguém levou muito a sério. Mas ele levou. E cumpriu à risca. Jorginho partiu em 2004, sem um tostão no bolso, mas com um currículo afetivo e social que faria qualquer biografia virar filme (e que filme!). Sem herdeiros, sem mansões, mas com seu nome eternizado entre colunas de mármore, melodias de saxofone e fotos amareladas de noites que nunca acabavam.
Na era dos influencers digitais, Jorginho Guinle foi o influencer analógico original — um dândi de alma boêmia, que viveu como queria e saiu de cena como poucos conseguem: aplaudido de pé e com um drink na memória coletiva.
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